O envelhecimento da população é um dos fatos mais importante da sociedade atual, nos últimos anos, a expectativa de vida vem aumentando e a preocupação com a saúde torna-se importante. Neste panorama, as mudanças que ocorrem com a alimentação e o estilo de vida podem ser benéficos, de forma a impedir ou minimizar doenças decorrentes da imunossenescência. Vários estudos têm demonstrado que intervenções precoces têm tido resultados promissores em algumas deficiências do sistema imunológico que ocorre com o envelhecimento, levando em consideração que o sistema imunológico constitui a primeira proteção contra agentes que possam causar infecções. Pesquisas recentes mostram que, o envelhecimento, o sistema imunológico e nutrição podem estar diretamente relacionados. Ademais, com o envelhecimento, o sistema imunitário poderá ser acometido quando o idoso está em condições nutricionais inadequadas, ou apresente alguma patologia que favoreça a diminuição da imunidade, entre demais fatores.

À medida que envelhecemos ocorre a deterioração natural do sistema imunológico e isso poderá causar impacto na morbidade e mortalidade dos indivíduos, contribuindo também para o aparecimento de infecções respiratórias e urinárias. Além, de ocorrer algumas alterações qualitativas e quantitativas no sistema imunológico e, consequentemente, maior predisposição ao desenvolvimento de infecções, entre outras doenças.

Em decorrência das modificações que acontecem, o sistema se torna vulnerável, exibe piora de sua função e apresenta uma importante degeneração imunológica associada a uma diminuição da função do sistema imune e mudanças entre a resposta imunológica protetora e a patologia (doença). As consequências negativas podem ser observadas favorecendo a ação de agentes infecciosos em consequência da incapacidade que pode ocorrer em resposta à vacinação e a patógenos invasores (causadores de doenças).

Embora exista a heterogeneidade (diferença) entre indivíduos, que decorre de variações genéticas e várias formas de genes da resposta imune, alguns fatores como a nutrição e o estilo de vida são passiveis de modificações e têm impacto no desenvolvimento da imunossenescência.

A deficiência nutricional no individuo idoso está associada à redução da resposta imune. O estado nutricional desses indivíduos está relacionado diretamente à capacidade de apresentar uma resposta imunitária, durante o processo de envelhecimento, sendo necessária a avaliação e a intervenção do estado nutricional com o objetivo de promover a saúde desses idosos.

Diversos são os parâmetros que são afetados pela imunossenescência e podem estar relacionados a fatores genéticos, estilo de vida, dieta e estado nutricional, atividade física e estresse, podendo influenciar diretamente a capacidade de criar uma resposta imune e eficaz ao surgimento de infecções. Além desses fatores, a imunocompetência (capacidade de apresentar uma resposta imune) pode estar diretamente afetada pela deficiência de várias vitaminas e minerais, ácidos graxos poli-insaturados (ômega 6 e ômega 3), que podem prejudicar a resposta imune. Ou seja, a alimentação adequada tem papel importante na melhora do sistema imunológico.

A alimentação oferecida ao indivíduo que se encontra com deficiência imunológica, deverá conter nutrientes que auxiliem na melhora do sistema imunológico. Para isso, é necessário que o mesmo tenha uma alimentação equilibrada com alimentos ricos em vitaminas, minerais e fitoquimicos. Dentre as vitaminas mais importantes podem ser citadas a vitamina E encontrada em alimentos como (semente de girassol, amêndoas, avelã, nozes, amendoim, castanha-do-pará, azeitona, ovo cozido, abacate, kiwi, salmão); vitamina A (cenoura, batata-doce, espinafre, manga, pimentão, ameixa seca, brócolis, melão, papaia, tomate, abacate, beterraba); vitamina C (pimentão amarelo, laranja, morango, kiwi, goiaba, tangerina, melancia, limão, abacaxi); vitamina B12 (fígado, mariscos, ostras, miúdos, caranguejo, arenque, salmão, truta, atum, muçarela, leite, frango, carne). O zinco também é um micronutriente importante, encontrado em alimentos de origem animal e vegetal como (ostras, carne bovina, carne suína, aves, peru, vitela, cordeiro, fígado, semente de abóbora, soja, amêndoa, noz-pecã, amendoim, castanha-do-pará, castanha de caju). Já os probióticos são alimentos que contêm microorganismos vivos como (iogurte natural, leite fermentado) possui lactobacilos, bifidobacterias que são capazes de modular indiretamente a inflamação; já os chamados prebióticos são fibras alimentares, as quais não são absorvidas no intestino delgado, servindo de

alimento para as bactérias benéficas, como exemplo temos (cebola, alho, alcachofra, chicória, aspargos). Ainda pode ser citado a glutamina um aminoácido abundante no plasma, uma vez que pode ser sintetizada pelo organismo a partir de outros aminoácidos (derivados de leite, peixes, carnes e ovos, soja, milho, tofu, grão-de-bico, lentilha, feijão preto, favas, ervilhas, arroz, beterraba, espinafre, repolho, salsa) estes são exemplos de alimentos ricos em glutamina. A suplementação da glutamina, só deve ser feita se necessário, de acordo com a orientação do profissional Nutricionista. Ademais, a utilização de uma dieta à base de alimentos frescos e naturais, tem se tornado cada vez mais uma abordagem promissora e realista para o futuro, que deve ser adequada e especifica para os diferentes estágios do envelhecimento.

Ressalta-se, de tal forma, que com o avanço do envelhecimento populacional, atrelados a possibilidade aumentada de problemas nutricionais neste grupo, torna-se essencial para a saúde do idoso o reconhecimento e a implantação de intervenções precoces nas irregularidades do estado nutricional, a fim de propiciar além de menores taxas de morbimortalidade, maior grau de satisfação com a própria saúde.

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