A mobilidade tem uma importância significativa na nossa qualidade de vida. Proporciona independência para executar atividades diárias (dentro e fora de casa).

Ha muito tempo já nesta profissão, percebi que a imobilidade só traz prejuízos à saúde física e mental das pessoas. Isso é ainda mais impactante e nocivo nos idosos, a medida que as limitações de mobilidade provocadas pelo envelhecimento aparecem.

Depressão, mal estar, angústia aparecem, entre outros motivos, quando não conseguimos mais realizar atividades banais devido às deficiências adquiridas com a idade. Soma-se a isso a consequente perda de independência, processo que é acentuado cada vez mais com a ausência de um ambiente positivo pensado para o resgate destas atividades.

Sendo o envelhecimento um processo natural, recuperar essa autonomia perdida se faz necessário. O mundo, assim como as expectativas da longevidade e qualidade de vida, mudou.  Ser idoso hoje já não significa mais inatividade, improdutividade ou ter sua identidade e liberdade diminuídas. Não   significa, portanto, perder mobilidade. Estamos já em uma nova realidade.

Avanços tecnológicos e na Medicina preventiva e curativa, tecnologia, somados a produtos facilitadores e inovadores além de uma arquitetura inclusiva, vêm permitindo aos idosos  uma longevidade maior ao mesmo tempo que reafirmam sua identidade. Assim, podemos, aos poucos, reinserir o idoso, prolongando com tranquilidade essa fase da vida. Trata-se da aplicação do inovador conceito “aging in place”, isto é, a habilidade de se viver seguramente na sua própria casa ou comunidade com independência e conforto, apesar da idade ou nível funcional motor. É o envelhecimento ativo.

A tecnologia, cada vez mais presente dentro e fora de casa, com aplicativos mais intuitivos e inclusivos, bem como sistemas de monitoramento remoto, aumentam a segurança médica, física e principalmente o combate a solidão. Arquitetura de ambientes e desenho de produtos também vão nesta linha, focando compensar os déficits físicos e sensoriais para facilitar as atividades diárias. Este é o conceito de “transgeneration design”, em que se busca a harmonia entre ambiente, produtos e pessoas, respondendo às necessidades individuais sem perder individualidade.

Manter-se em movimento significa viver. Com o atual grau de desenvolvimento compartilhado nas diversas áreas (Medicina, tecnologia, arquitetura e design),  cada vez mais a promoção da vida com movimento pode ser alcançada.

 

Dr Ricardo Campedelli
Especialista em Ortopedia e Traumatologia
Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein